Teorias


Teoria da Descrição

1) CONCEITO-> descrever é dar as características, as qualificações, as qualidades de determinada coisa (em sentido amplo) ou ser (também em sentido amplo) de tal sorte a especificá-lo, a defini-lo, singularizando-o.
2) TIPOS DE DESCRIÇÃO:
a) Objetiva-> a descrição objetiva é aquela operada com o máximo distanciamento do autor. Nela não importam opiniões ou considerações pessoais. Importa somente o que é factível, perceptível independentemente do posicionamento ou opinião do autor. Imaginemos um exemplo clássico: esta cadeira é verde. Todos nós temos a mesma percepção a respeito da cadeira: ela é verde. Tal fato é indiscutível e independe do posicionamento pessoal do autor.
b) Subjetiva-> a descrição subjetiva é aquela operada com a proximidade do autor. Nela é transparecida a opinião do mesmo sobre a coisa, a forma como ele percebe o objeto.
Exemplo: esta cadeira é bonita. Bonito e feio são conceitos relativos que dependem da opinião (aspecto subjetivo do avaliador). Uma pessoa pode achar determinado objeto bonito e outra considerá-lo feio. Daí a idéia de que tal descrição (bonito ou feio) é subjetiva, ou seja, necessariamente depende de quem a fez.

Teoria da Dissertação

1) Conceito→ É um estudo teórico de natureza reflexiva, que consiste na ordenação de idéias sobre um determinado tema. A característica básica da dissertação é o cunho reflexivo-teórico. Dissertar é debater. Discutir. Questionar. Expressar o nosso ponto de vista, qualquer que seja. Desenvolver um raciocínio, desenvolver argumentos que fundamentem nossa posição. Polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrários aos nossos. Estabelecer relações de causa e conseqüência. Dar exemplos. Tirar conclusões. Apresentar um texto com organização lógica de nossas idéias.
(WIKIPÉDIA, 2007).
Esta é uma definição razoável e bastante abrangente do que vem a ser dissertação, porém, focando unicamente os vestibulares, dissertar é defender uma tese. Neste caso, pouco importa se a tese está alinhada à sua opinião pessoal ou se diverge de seu posicionamento. Cabe a você defendê-la e ponto final. Assim sendo, não é correto afirmar que dissertar é dar sua opinião, pois se é pedido que seja defendida a tese da legalização do aborto, seu posicionamento pessoal simplesmente não é relevante. Você deverá defender a legalização do aborto ainda que seja absolutamente contrário a mesma.
Nos vestibulares não importa o que você acha – importa o que é ou o que pode ser provado com base nos argumentos dispostos no texto. Logo, nunca utilizamos construções do tipo eu acho tal coisa ou acredito que funcione de tal forma… A coisa é assim e funciona de tal forma.
A dissertação tem por objetivo convencer alguém de algo. Por isso dizemos que a alma da dissertação é a argumentação empregada.
2) Tipos de dissertação→ alguns autores classificam as dissertações levando em conta o objetivo das mesmas:
a) Expositivas→ são aquelas que não objetivam o convencimento e sim uma explicação ou estudo sobre determinado tema.
b) Argumentativas→ são aquelas que visam persuadir o leitor ou ouvinte a acatar determinada tese.
Obs. Nos vestibulares devemos analisar o tema proposto. Caso seja apresentado um problema (ex.: mortes causadas por abortos clandestinos) devemos resolvê-lo ao longo do texto – o que se aproximaria mais da chamada dissertação argumentativa. Porém, se o tema for simplesmente aborto, não devemos resolver o problema posto que o mesmo não foi apresentado, não existindo formalmente. Devemos explanar, explicitar o tema tentando abordar a maior quantidade possível de aspectos positivos e negativos demonstrando nosso conhecimento geral sobre ele; polemizando-o – o que se aproxima mais da chamada dissertação expositiva.
Outros levam em conta a proximidade do texto com seu autor:
c) Objetivas→ nesta modalidade o tratamento dispensado ao texto é o impessoal, ou seja, há um grande distanciamento entre o posicionamento pessoal do autor e seu texto, o que confere, ao menos em tese, maior objetividade ao mesmo.
d) Subjetivas→ nesta modalidade o tratamento dispensado ao texto é o pessoal não havendo distanciamento entre o posicionamento pessoal do autor, seus sentimentos íntimos e seu texto. Daí a idéia de um texto mais subjetivo, ou seja, mais ligado ao sujeito (autor) que ao objeto (texto/tema).
3) Estrutura da dissertação:
a) Introdução→ na introdução demonstramos ao leitor/ouvinte, de forma clara e inequívoca, qual a tese que será defendida ou apresentamos o problema para o qual ofereceremos posteriormente as soluções. Alguns defendem a possibilidade de se realizar uma pergunta que seria respondida ao longo do texto.
b) Desenvolvimento→ após demonstrarmos a tese (introdução), é necessária a apresentação de argumentos que comprovem ou justifiquem o posicionamento defendido. No caso da formulação de questão, argumentos que levem a resposta. Já no caso de apresentação do problema, as causas, conseqüências e possíveis soluções para o mesmo.
c) Conclusão→ a conclusão deve expor uma avaliação final do assunto discutido retomando a tese e a argumentação, ainda que de forma genérica. No caso da formulação de questão, deve-se apresentar a resposta cabal. Já no caso da apresentação de problema, o resumo da solução encontrada e a sua eficácia.


Teoria da Narração

1) CONCEITO→ narrar é contar uma história. Tal história pode ser real ou fictícia, pouco importa. O importante é que a história contenha os cinco elementos básicos da narração: narrador, personagem, espaço, tempo e enredo.
2) ESTRUTURA:
a) Apresentação / Introdução→ normalmente é o início do texto onde são mostrados ao leitor os primeiros dados como os personagens e suas características, o espaço em que se movimentam, as relações que mantêm entre si e suas referências temporais. Expõe-se a situação inicial do universo ficcional.
b) Desenvolvimento→ progresso do conflito.
• Complicação: rompe-se o equilíbrio do estado inicial, surgem conflitos e começam a ocorrer transformações, expressas em um ou mais episódios que, encadeados, conduzem a narrativa a um ponto máximo de tensão.
• Clímax: é o ponto máximo de tensão, resultante da convergência dos vários conflitos vividos pelas personagens.
c) Desfecho ou desenlace-> corresponde à situação final, ou seja, ao novo equilíbrio que se alcança depois do clímax.
3) ELEMENTOS:
a) Narrador → O autor inventa o narrador para contar a história como seu porta-voz. Portanto, o narrador faz parte do universo ficcional da obra.
Foco narrativo
O narrador pode aparecer:
• em primeira pessoa – narrador personagem→ participa ou participou da história que ele mesmo conta.
• em terceira pessoa - narrador onisciente→ constantemente emite opiniões e, em algumas vezes, até se dirige ao leitor. Conhece todos os elementos da história e o interior das personagens (o psicológico das personagens). Como o próprio nome sugere, é aquele que sabe de tudo – conhece o início, o meio, o fim e as motivações que levaram a tal fim.
• em terceira pessoa - narrador-observador (objetivo): procura não se envolver com os fatos narrados. Conta a história como se descrevesse um quadro. Não conhece o interior das personagens e, muitas vezes, não sabe a razão de determinada ocorrência narrativa.
b) Personagem-> é aquele que participa da história, ainda que seja um objeto ou animal, desde que este seja animado / personificado. Pode ser classificado quanto a:
IMPORTÂNCIA PARA A TRAMA
• Protagonista ou Herói→ em geral, mas não necessariamente, personifica o “Bem” e os valores morais defendidos pelo narrador; no caso de um protagonista utilizado como um contra-exemplo moral, chama-se de “anti-herói”; é chamado ainda de personagem principal.
• Antagonista ou Vilão→ em geral, mas não necessariamente, personifica o “Mal” e os valores morais combatidos pelo narrador; o vilão também pode ser o protagonista da narrativa, como em O Fantasma da Ópera. É aquele que se opõe ao protagonista e seus intentos.
• Coadjuvantes→ apesar de não serem os mais importantes da história, interferem na mesma de alguma forma. São importantes para o desenvolvimento da trama.
• Figurantes→ são aqueles que não possuem importância para a trama. Confundem-se com o cenário.
PROFUNDIDADE INTELECTUAL
• Personagem plana: seu comportamento é previsível (é o chato que só sabe ser chato, o gozador que está sempre fazendo graça, o trágico que só vê desgraça em tudo). Há personagens que não representam individualidades e sim tipos humanos, identificados pela profissão, pelo comportamento, pela classe social. Quando esses comportamentos forem realçados, teremos os personagens caricaturais. É aquele que possui pouca profundidade intelectual sendo incapaz de refletir ou de se colocar questões internas de ordem psicológica. É apenas um tipo, um estereótipo, não um ser com plena capacidade intelectual e cognitiva.
• Personagem redonda ou esférica: além de ser imprevisível, é apresentada sob vários aspectos. Possui profundidade, ou seja, uma intelectualidade que contribui com a trama, que é importante no contexto da história. É capaz de mudar seu posicionamento e suas ações ao longo da trama. Apresenta conflitos interiores e reflexões. Trata-se de uma representação mais fiel da pessoa humana justamente por incluir a possibilitade de reflexão, autoanálise e até mesmo de contradições.
c) Tempo
• Tempo cronológico ou tempo da história→ determinado pela sucessão cronológica dos acontecimentos narrados. Trata-se do tempo do mundo real, cotidiano, contado por meio dos segundos, minutos, horas…
Histórico→ refere-se à época ou momento histórico em que a ação se desenrola. Guarda mais relação com o cenário e figurino que propriamente com o desenrolar da ação. Ex.: séc. XVII – novelas de época.
Mítico ou mitológico→ refere-se a uma época mítica, inventada, por vezes anterior ao homem ou mesmo posterior. Possui as mesmas características do histórico, exceto por ser fantasioso / imaginário – não contextualizando um período da história humana.
• Tempo psicológico→ é um tempo subjetivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em consonância com o seu estado de espírito. É o tempo interior, fantástico, maravilhoso – um fluxo de consciência que não necessariamente apresenta uma sequência lógica ou se rege pelas leis da física. É o tempo dos sonhos, da imaginação.
d) Espaço / ambiente→ caracterizado, quase sempre, pelas descrições, de acordo com a intenção do narrador. Assim como o tempo, o espaço pode referir-se a um lugar real, dentro do universo ficcional, sendo, então, exterior (esse tipo costuma ter pouca importância nas narrativas de tempo psicológico) ou a um lugar mágico, imaginário (que guarda maior relação com narrativas de tempo psicológico).
É usual classificar o espaço em regional ou urbano, físico ou social.
e) Enredo→ toda narrativa pressupõe algo sendo contado. O enredo é o que sustenta a história. É a sucessão de acontecimentos e como ela se dá. É a estrutura da história; o que sobra da mesma ao retirarmos os personagens, o tempo, o espaço e o narrador. É o desenvolvimento de ocorrências – a trama.